O lodo. O produto do debate de ontem, entre o senhor dr. Pedro Santana Lopes e o senhor eng.º José Sócrates, foi sofrível. Foram más as respostas. Não foram melhores as perguntas. A politiquinha aperta-se crescentemente num círculo estreito. Os que perguntam e os que respondem são cada vez mais iguais. A diferença que subsiste é sobretudo de papel. Para além disto, um dos palestrantes, o senhor dr. Lopes, já provou conseguir ser mau primeiro-ministro. O outro, o senhor eng.º sócrates, ainda não. Mas o problema é apenas de oportunidade. Se lhe for propiciada, ele demonstrará conseguir ser mau também. Talvez não tão frouxo quanto quem lhe fez as perguntas ontem. Mas, destino, tão mau quanto tal fauna provará ser. Merecem-se uns aos outros. Os que perguntam. E os que respondem. Assim como o povo os merece. A uns. E a outros. Pois é uma ilusão julgar que nesta ordem chamada democracia sequer existe a hipótese de se conceber uma entidade chamada eles. Não, não há. O povo é uma entidade total. Sem exterior. O que significa que, em gente, tudo o que existe é povo. É por isso que a democracia acontece tanto tragédia quanto comédia. E sempre farsa. Nicky Florentino.