Ir ao engano. Disse o senhor dr. Paulo Portas, ontem, em Santa Maria da Feira, numa espécie de comício, com repasto a acompanhar, “na classe média que tradicionalmente vota PS ou PSD muitos estão tentados a dar o seu voto ao CDS, porque sentem que a escolha não chega e não é suficiente. A esses digo: venham para o CDS e nós saberemos representá-los como um partido moderado, estável, seguro e previsível”. Duas considerações. Em política, não é conveniente ceder a tentações. Menos conveniente é ceder à tentação de dar o voto - é sintomático que o fulano não tenha dito votar - ao CDS/PP. Para além disso, o CDS/PP pode ser um partido político moderado, estável e seguro – todos os partidos são isso e mais maravilhas ainda. Porém, por ser um partido político, previsível é que o CDS/PP não é. Aliás, acaso o fosse, aconteceria que a doutrina que o senhor dr. Paulo Portas andou a destilar durante tantos anos em crónicas de imprensa ainda pautaria os seus actos. Mas não, já não pauta. Pois muito do que ele escreveu já não lhe vale. Ora isso não é ser previsível. É ser o raio que o parta. E conforme a puta da conveniência. Nicky Florentino.