Encontro com a matilha, o episódio. Como nos filmes. O alazão de ferro, o ZuluChaves, evoluía Áum abaixo, à velocidade do costume. Lá dentro, na cápsula do automóvel, soava Sorrow, David Bowie. Entretanto, à sua frente, um batedor entra no corredor viário e começa a gesticular. Prentendia o agente da autoridade, motorizadamente montado, que ele se desviasse para a faixa da direita, entaipada por uma série intervalada de marcadores rasteiros, laranja, fluorescentes. Ele reduziu a velocidade, mas não se desviou. Se a faixa não estava aberta ao trânsito, não se podia transitar nela ou risco devia haver para quem nela transitasse. Por demorar ele a submeter-se à vontade do cavaleiro gêéneérre, depois, mais três batedores se aproximaram do veículo dele, cumprindo uma formação de escolta, dois adiante, dois atrás. Insistiram no gesto. Que devia ele desviar-se para a faixa da direita. Ele desviou-se. Porém deteve o carro. Os batedores não gostaram. Assim como não o compreenderam. Ele não estava, como sugeria um dos gêéneérres, a armar-se em engraçadinho. Queria apenas a garantia que se podia circular, sem risco, naquela faixa. Que lhe fosse dada ordem de prisão, para rematar as merdas, sugeriu um dos outros. Mas ele não queria ser preso. Queria apenas saber se, de facto, se podia transitar ali. Podia, disseram-lhe. E ele dispôs-se a seguir o batedor, sabia lá ele para onde. Seguiu a velocidade reduzida, embora o agente gesticulasse freneticamente para ele acelerar. Ele não acelerou. E manteve-se no limite mínimo de velocidade. Avançados alguns quilómetros, dois, três, foi-lhe ordenado que sustivesse a marcha do automóvel, junto a uma fila de carros, cinco, da brigada de trânsito. Ele assim fez. De imediato, como se o aguardasse, precipitou-se para ele alguém, aparentemente com patente nos ombros, a mandar baixar o vidro, para que pudesse continuar a repreensão que vinha já a ser enunciada desde alguns metros antes. Que isto, que aquilo, dizia o homem em grave tom. Ele, com pouca paciência para aturar desmandos, pegou no caderno de apontamentos, segurou na esferográfica, saiu do carro e olhou ostensivamente para a placa de identificação do oficial, após o que anotou o nome do fulano no dito caderno. Este gesto perturbou o senhor da voz da autoridade, que decidiu tornar à sua origem, ao mesmo tempo que debitava, em surdina, o que ele suspeitou ser uma sequência de impropérios. Após isto, pouco demorou até que, junto dele, chegasse um outro agente, educado, que, para além de lhe ter batido a continência, o tratou repetidamente por senhor x. O mesmo agente que, quando ele disse isso é que não, percebeu que não podia utilizar o capot do ZuluChaves como suporte, para preencher o impresso relativo ao auto de infracção. E não utilizou. Boa tarde e continuação de boa viagem foram as palavras proferidas, no fim, na despedida. E ele, então, seguiu viagem. Já estava atrasado. Segismundo.