A política é a continuação da guerra por outros meios. Uma das vantagens do jogo político reside no facto de, aí, se poderem inventar os inimigos. Aproveitando-se de tal vantagem, disse o senhor secretário-geral da cambada socialista, “o PS parte para esta campanha com um adversário principal. Esse adversário é a apatia, é o desinteresse. O nosso adversário é a abstenção e é ela que nós queremos vencer”. Em termos retóricos, de propaganda, o enunciado é bonito. Porém, bem analisado o dito, o que sucede é que, em última instância, o senhor eng.º José Sócrates definiu como adversário do PS o próprio PS. O que é gesto decorrente de um de dois possíveis complexos. Ou do complexo do desamor próprio, pelo qual o PS deseja ultrapassar-se a si-mesmo. Ou do complexo da megalomania, pelo qual o PS pretende ser mais do que é, batendo-se com gigantes maior do que ele. O que quer que seja, não obstante a boa vontade aparente, é um sinal de pequenez. E, porque dito, como dito, faz do senhor eng.º Sócrates um empertigado, um empavoado. Que quer ser senhor primeiro-ministro. É esta uma das desgraças da pátria. Maior, muito maior, do que a abstenção eleitoral. Nicky Florentino.