Para além da inocência. Rodolfo era tido como tantos outros, rapaz de costumes certos e bons, exemplar, um inocente. Ninguém jamais suspeitou da besta, besta brava, que ocasionalmente despertava nele e lhe convocava os gestos para o mal. A descoberta do seu outro lado, bestial e perigoso, aconteceu num sábado, à noite. Nessa ocasião, estava ele soturno, sentado na taberna, soou-lhe com estranha nitidez, dentro da cabeça, Dies iræ do Requiem de Dvořák. Era a senha necessária para dele sair a sanha bruta. Logo ali sovou dois convivas até à morte. E depois, como se divinamente mandatado, prosseguiu a missão. O Marquês.