L’une et l’autre. “Não vale a pena criticar soldados quando temos à mão um general. Na luta, há que apontar à cabeça”. Foi com estas duas frases que a senhora Doutora Maria Filomena Mónica culminou um artigo estampado no suplemento Mil Folhas, da edição de ontem do Público, com o título «O sociólogo-poeta Boaventura de Sousa Santos». Tem razão a senhora Doutora Mónica. Mas a razão que lhe assiste no dito não substitui a pontaria no acto. Com efeito, embora a sua intenção fosse a de mandar-se, demolidora e definitiva, à obra do senhor Prof. Boaventura de Sousa Santos, mais parece que, como um bovino daltónico, acabou a evoluir contra sombras, todas parecendo-lhe agitados espectros de tom carmim ou escarlate. É óbvio que, em tese, o referido artigo até podia ser um ensaio pedagógico – ilustrado e elucidativo –, pois não são raros ou leves os motivos que justificam crítica contundente às posições que o senhor Prof. Doutor Boaventura de Sousa Santos afirma e defende. Mas não foi isso que aconteceu. A dita senhora Doutora Maria Filomena Mónica apenas revelou preconceito e graça. O que, não obstante todas as afirmadas ou subjacentes certezas, redundou num exercício simultaneamente hilariante e patético. Que matiza mais o estilo da criatura que autorizou a prosa do que as putativas ideias do fulano que a motivou. Enfim, estão bem uma para o outro. E vice-versa. Provavelmente haverá mesmo a oportunidade de confirmar isto na réplica que, suspeita-se, não tardará. Perceber-se-á, então, que, apesar dos mútuos e recíprocos esforços de lavandaria, nem as vestes de uma, a senhora Doutora Mónica, nem as vestes de outro, o senhor Prof. Doutor Santos, estão lavadas. E a culpa, seguro, é tão só do detergente ou do sabão usado. Não da água. Ou das mãos emprestadas à lavagem. Nicky Florentino.