Idées noires, i. Caligrafado num pequeno caderno estava este testemunho de Isidoro. Não é apenas o meu pai que quero matar. Quero matar também a minha mãe. A minha vida, julgo, creio, cumprir-se-á no instante em que, pelas minhas mãos, me vingar dele e dela. Não é a fortuna o que busco. Tão pouco o conforto de ser órfão. Por revelação maravilhosa, sei apenas que matando os meus progenitores alcançarei o divino. E maior boaventura não há. Hei-de matar o meu pai, pois. Hei-de matar a minha mãe, pois também. Porque fazer algo por um e outra, como fizeram por mim, gerando-me, é o salvo-conduto que me permitirá encontrar deus. Se não no justo acto, pelo menos na consequente rendenção. O Marquês.