Gritar a dor. Durante as manobras de mimos, ela descobriu-lhe uma erupção cutânea sob a orelha e percebeu que o ponto lhe era doloroso. Apeteceu-lhe, por isso, despertar a dor ali alojada. Começou a acariciar-lhe o cabelo, como se lhe dispersasse a atenção. Ao mesmo tempo olhou-o nos olhos, esboçou um sorriso, um sorriso daqueles. Depois, traiçoeiramente, como quem busca gozo ainda maior, colocou um dedo sobre a borbulha, apertando-a e despertando-lhe uma dor aguda. Ele enganou a dor sentida, tentando devolver a ela o sorriso. E nesse mesmo instante, segura e sádica, ela voltou a repetir o gesto e a reforçar o sentido da dor que ele sentiu, confirmando-a, sem que ele a pudesse, agora, enganar. O grito, ai!, já soara. O Marquês.