O louco do fim da rua, outra vez. O senhor António encontrou-o. Tornou à ladainha costumeira. Que anda a ser telecomandado pelo mágico do exército que o drogou com um copo de vinho. Que o botão no estômago – carrega no umbigo para se fazer entender – o faz ouvir vozes, que estão permanentemente a ressoar-lhe na cabeça. Que deus o há-de salvar. Que ele tem que fazer alguma coisa para auxiliar deus a salvá-lo. O que é que o senhor me aconselha?, perguntou a ele o senhor António. Liminarmente afastadas as hipóteses de lhe recomendar a dedicação a rezas ou o suicídio, ele respondeu-lhe o melhor é ir dormir a sesta. O senhor António, divinamente ilustrado, sorriu em jeito maroto e não foi dormir a sesta. Continuou apenas a tagarelar. Segismundo.