I'm waiting for the man. Estou a ouvir Velvet Underground, já percebeste. Como me ensinaste, a vida é um longo enredo de canções e devemos deixar que elas digam o que queremos dizer. Sei que fugiste. Eu espero por ti. Custa a espera, mas espero, espero por ti. Sou livre e é em liberdade que espero. Sei que não esperarei eternamente por ti, mas agora espero. A força do que sinto consente a espera. Não fujo do que sinto. Sei o que sinto. Sofro-o. Assombra-me. Perturba-me. Mas não fujo desse sentimento. Atordoa esse sentimento. Rasga. Dilacera. Mas é por ele, pelo seu crédito em mim, que espero por ti. Não morro. Sofro apenas. Quero-te. Mas não o digo. Não posso, não devo dizer-te. Desejo que sejas livre de me querer. Não quero que me queiras por culpa ou compaixão. Quero que me desejes como eu te desejo. Não sei se vai acontecer. Desejo que aconteça. Mas, reitero, não sei se vai acontecer. Se me quiseres, diz-me. Espero. Arde-me a espera. Mas eu espero. Até quando os sonhos não me doerem. Como o Lou Reed canta, I'm waiting for my man. Boa noite. Escreveu-lhe ela. Segismundo.