Dos pequenos (des)ajustamentos vitais, ii. Ela, sabes?, às vezes penso que gostava de ter um cão cá em casa. Ele, como se desesperasse, outra... Ela, outra? Ele, sim. Ela, mas outra o quê?, explica lá isso. Ele ficou calado. Ela, outra?, outra?, outra?, em crescendo de voz e irritação. Ele continuou calado. Ela, decididamente, vou ter um cão, um labrador, decidi, está decidido. Ele, porquê?, tens medo? Ela, em tom danado, não, porque não te tenho, porque sou outra, porque esta casa é demasiado grande para ser habitada apenas por um animal. Ele, um animal?, sou eu? Ela, ainda mais danada, não, não és tu o animal desta casa, raramente cá estás, o animal desta casa sou eu. Para se redimir, ele tentou alcançá-la, abraçá-la. Mas ela, xô!, recusou-o, enxotou-o. Como se ele fosse um cão. Segismundo.