Dar uma mão. Porque a dor destila o que melhor há nas pessoas, é dever, quase imperativo cívico, ajudar os outros a sofrer, disse o orador à audiência. Ao escutar isto, de entre ela, a vasta audiência, ergueu-se uma mulher. Dirigiu-se, caminhou até ao púlpito, interrompendo a conferência. Na sala emergiu um burburinho. Ao aproximar-se do orador, a mulher desembaiou uma adaga e, acto contínuo, num último passo de aproximação, cortou-lhe a mão direita. O conferencista não fingiu a dor, o sofrimento que subitamente o tomou. Gritou, ao mesmo tempo que se agitou convulsivamente, numa tentativa de estancar o sangue infrene e, em simultâneo desespero, apanhar do chão a mão decepada. Como o orador tardava em agradecer o gesto altruísta da mulher, os responsáveis pela conferência decidiram confortar a audiência com um fundo sonoro preenchido pela canção With a little help from my friends. O Marquês.