Captações, iii. Em Voyage au Bout de la Nuit. “Eu tinha o hábito e até mesmo o gosto destas íntimas e meticulosas observações. Por exemplo, quando nos detemos no modo como são formadas e proferidas as palavras, as nossas frases não resistem lá muito ao desastre do seu cenário baboso. Mais complicado e aflitivo do que a defecação é o esforço mecânico da conversa. A corola de carne entumecida, a boca que se convulsiona a soprar aspira e debate-se, expele toda a espécie de sons viscosos através da barragem pestilenta da cárie dentária, que castigo! No entanto, aí está o que nos exortam a transpor em ideal. É difícil. Como não passamos de recintos com tripas mornas e quase apodrecidas, havemos sempre de ter dificuldade com o sentimento. Estarmos apaixonados não é nada, mantermo-nos os dois juntos é que é difícil. A imundície, essa, não procura resistir nem desenvolver-se. Aqui, neste ponto, somos bem mais infelizes do que a merda; no nosso estado, a fúria de preservação constitui uma tortura incrível”. Segismundo.