A vontade como representação. É um mistério, mas não faz mal. O Governo fez as contas e estimou as necessidades da pátria para dois mil e quatro, oito mil e quinhentos trabalhadores estrangeiros. Nem mais um, nem menos um, ditou a vontade dos que se fiam nas tenebrosas engenharias políticas de controlo e higienização dos colectivos. Candidataram-se às ditas vagas sessenta imigrantes. Três obtiveram o pretendido visto de trabalho. Os outros, compreende-se, como não são cifras estatísticas, é como se não existissem. Ou isso ou têm vergonha. O que também é compreensível. Pois deve emigrar-se de Portugal, não imigrar-se para Portugual. Cá, na pátria, a desgraça monta a tal tamanho que até as distopias laboriosamente congeminadas acabam por colapsar. É por isso que, perante estes factos, o senhor dr. Paulo Portas há-de parecer um Calimero. Mas sem a meia casca de ovo na cabeça, o bisonho. Nicky Florentino.