Vetustade. O tempo passa, passa-nos. Um índice dessa inexorabilidade é o acumular de compact discs. As prateleiras esgotadas. O chão próximo como extensão. Livros também há, cada vez mais. Numa casa. Na outra. Em Lisboa também. Os livros, porém, têm uma inércia diferente. Quase ninguém lhes toca. Quase ninguém os inveja. Porque são mais exigentes ficam. Os compact discs, esses, dispersam-se com facilidade. Pelas casas, mas não só. Alguns tardam a ser devolvidos. Outros foram perdidos entre os empréstimos. De outros ainda desconhece-se o paradeiro.
Numa espécie de baú, uma parcela de chão mais recôndita, alguém (re)descobriu agora Porcupine, dos Echo & the Bunnymen. Mil novecentos e oitenta e três. Mais de uma vintena de anos. É nestes instantes, quando olha a data de edição original dos álbuns, que esse alguém percebe os lastros de história que se foram acumulando também sobre os meus ombros. E que sente o incómodo de não perceber o peso desse acumulado sobre os seus ombros. Até quando será capaz de iludir a sua própria idade?, ele. Segismundo.