Semear a inveja. Arde-me a liberdade de esperar por ti. Arde-me por confiança, não por esperança. Mas arde-me. Arde-me nas mãos, no peito, nas coxas, arde-me em todo o corpo, na minha nudez. Sinto palpitações nos meus seios, um tumulto no meu ventre. Não finjo. Por isso prefiro não chamar desejo a esta liberdade de espera incendiada. Chamar-lhe desejo faria de mim cativa de uma ausência, de um fantasma. E cativa não quero ser. O que eu quero não digo. Quero a tua boca, os teus braços, as tuas mãos, os teus dedos a alagar-me o corpo. Quero muito. Mas não digo. Espero por ti, livre, solta, como gostas de dizer. Espero. Espero porque também sou possessiva. Espero porque quero. Espero porque te quero. Espero porque querer-te, como eu te quero, faz-me sentir livre, solta, capaz de me dar. E dou-me para ser querida. Como tu és, por não seres, querido. Agora, desculpa - sei que estás longe -, vou para o São Jorge, encontrar-me com o Thor Fridrikson. Não posso esperar mais. Escreveu-lhe ela. Segismundo.