Maldita. Voltou ao veneno, como se fosse um velho hábito, um vício. Não viu ainda veados a comer coelhos. Viu apenas substituições disso. Viu assombrações, espectros, véus diáfanos agitados, como se fossem do vento. Viu o perfil distorcido dos carros, observados do nono andar. Viu os néons cintilantes, como se estivessem no bordo da retina, urgente e intensamente reflectidos. Viu a indolência nos seus gestos, a voz áspera e lenta, insubmissa. Viu a manhã a chegar e a fazer o rio novo. E viu o sangue, o seu sangue, sem se inquietar. A inquietude aproximou-se depois, tomou-o, depois de a consciência lhe ter regressado. Amanhã vai ser diferente, desejou ele. Mas não vai ser. Ele vai tornar a cair na tentação. Ele vai regressar ao erro a que voltou. Segismundo.