Revejo o que disse aqui sobre a decisão do senhor presidente da República de indigitar um novo primeiro-ministro para a pátria. Suspeito, agora, que, afinal, a referida decisão não foi uma decisão política, mas uma decisão de tipo burocrático. É que os valores invocados e o modo e a proporção como foram invocados pelo senhor presidente da República, o sossego, a estabilidade, a continuidade política, revelam que ele se pautou não tanto por fundamentos políticos quanto por fundamentos de negócio e de sistema. Isto é, de necessidades artificiais, de segunda ordem, mas que se experimentam urgentes e carentes de uma resposta dentro de uma banda de decisão estreita. Facto que, por sua vez, tende a reduzir a política ao exercício de escolha entre alternativas já estabelecidas e limitadas. O que, em rigor, não é política. É, sim, administração, gestão. É por isso que um burocrata não é necessariamente um democrata. Tão só um administrador, um gestor. O que é bom, quando é bom. O que é mau, quando é mau. Mas não é expectável de um senhor presidente da República. Eleito. Nicky Florentino.