Parte significativa da vida nas sociedades contemporâneas é suportada por ficções. Aparentemente as coisas parecem ser assim, substantivamente podem sê-lo ou não. É esta plasticidade simbólica que permitiu transformar as eleições legislativas no engano da eleição do senhor primeiro-ministro, embora, de facto, sejam a eleição de deputados por círculos eleitorais, através de listas fechadas submetidas a sufrágio por partidos políticos ou coligações eleitorais. Para a generalidade dos gentios, em Março de dois mil e dois, o que fizeram foi escolher, votar no primeiro-ministro. Isto não é política. Também não é direito. É, sim, ilusão. Mas ilusão conveniente e ajustada ao jogo político sur scènes, que é o jogo dos fulanos, das fronhas, das figurinhas, dos cromos. É por isso que neste intante parte significativa dos gentios clama por eleições. Os gentios estão iludidos de tal modo que pretendem continuar iludidos. Se vivem no engano, cultivam o engano e esforçam-se para que ele vingue. O que se compreende.
Alguém pode preferir um corneto a um supermáxi. Se não lhe dão o desejado gelado de bolacha, o corneto, esse alguém pode tolerar um gelado de pau, o supermáxi. Não tolera, porém, ao desembrulhar o anunciado supermáxi, deparar-se com um perna-de-pau. É agravo a mais. Pois se é supermáxi, o dado, não é perna-de-pau. Supermáxi é o senhor dr. Durão Barroso. Perna-de-pau é o senhor dr. Santana Lopes. Ou qualquer outra criatura diferente do senhor dr. Durão Barroso. O tal que, em transumância, abalou para melhores pastos, lá para a Comissão Europeia ou o raio que o parta. Nicky Florentino.