As rapariguinhas do shopping jogam-se contra a paisagem, obrigando-a, a paisagem, a adequar-se à sua passagem. Jingam as ancas, mostram os ombros e o umbigo nus, passeiam a confiança nos pés, com um pisar exacto e cadenciado num ritmo lascivo – olhá-las não lembra d’the ground beneath her feet –, sorriem desprendidamente. Fazem-se desejadas. Insinuam-se, mas com a reserva que a publicidade dilui. O shopping parece o plateau, a vitrina onde se exibem. Elas passam. Passam. Mostram-se. Dão-se sem se darem. Pelo que o melhor é fingir que não se as vê. Que elas são invisíveis. Que são indiferenciadas. Indesejadas. Isso magoa-as. Ressente-as. Mata-as, ainda em flor. É esse um prazer que não se pode negar a um homem que jamais as irá ter. O Marquês.