Disse o senhor secretário de Estado do Ambiente, “tenho a sensação de que o cidadão que conduz o seu carro se está a tornar cada vez mais egoísta”. A realidade, porém, é ainda pior, pelo que o problema ecológico assenta em mal mais (pro)fundo. É que essa fantasmática criatura que é o cidadão, pelo efeito de fetichismo da mercadoria automóvel, também está a tornar-se cada vez mais exibicionista. E a ter a sensação de que o carro é o pouco, para mais extensão mecânica de si mesmo, que controla na sua miúda e insignificante vida. Daí que separar o cidadão do seu automóvel seja o mesmo que cortar-lhe as pernas, retirar-lhe a sua capacidade de locomoção, a sua sensação de virilidade. Segismundo.