Escreveu Proust, “é humano procurarmos a dor e logo depois livrarmo-nos dela”. O enigma decifra-se sem dificuldade. Uma vez encontrada a dor, se domiciliada em mim, sinto incómodo o lugar onde ela se aloja. Os outros, não eu, são sempre melhor morada daquilo que faz ferida, magoa ou atormenta. A humanidade condensa-se exacta neste raciocínio. Porquanto é no acto de entregar a dor aos outros que reside a mais refinada e autêntica das solidariedades. O Marquês.