Em entrevista estampada na edição de hoje da Pública, Omar Bakri Mohammed, no seu suburbano sossego londrino, disse, “o terror é a linguagem do século XXI”;
e disse, “as leis da democracia e da liberdade são as leis da hipocrisia”;
e disse, “Alá é o único legislador”;
e disse, “o terrorismo é a lei do século XXI”;
e disse ainda, “só é legítimo o terrorismo divino”;
e disse também, “e Maomé disse mais: «Eu sou o profeta que ri quando mata o seu inimigo». Não é portanto apenas uma questão de matar. É rir quando se está a matar”;
e disse, “o próprio Bin Laden e os seus companheiros, está na altura de morrerem”;
e disse ainda, “são um grupo que se juntou para lutar e morrer. Têm de ser coerentes”;
e disse, “há muitos jovens que sonham entrar na Al-Qaeda, mas pior do que isso, há muitos grupos free-lancers dispostos a lançar operações iguais às da Al-Qaeda”;
e disse ainda, “o que é perigoso, porque nem todos têm a preparação teórica adequada”;
e disse, “dois alunos meus também abandonaram um dia as aulas e foram fazer-se explodir na Palestina, sem me avisarem. Fiquei muito zangado”;
e disse, “nós não somos hipócritas. Não dizemos: «desculpem, foi engano». Dizemos: «vocês mereceram». Assumimos que o objectivo é matar o maior número de pessoas, para provocar o terror”;
e disse ainda, “o texto divino é claro quanto à necessidade de provocar «o máximo dano possível». O operacional tem portanto de certificar-se de que mata o maior número de pessoas que pode matar. Se não o fizer, espera-o o fogo do Inferno”.
e disse também, “nós não fazemos a distinção entre civis e não civis, inocentes e não inocentes. Apenas entre muçulmanos e descrentes. E a vida de um descrente não tem qualquer valor”;
e disse também ainda, “os muçulmanos que morrerem num ataque serão aceites imediatamente no paraíso como mártires. Quanto aos outros, o problema é deles”;
e disse, “se acreditam na democracia, de que têm medo? Deixem Omar Bakri beneficiar da democracia!”;
e disse, “meu Deus, por ti, sofro, vou de comboio”.
Isto não é para rir. Parece paródia. Mas não é. É para levar a sério. A criatura não é uma personagem de banda desenhada. Não é uma ficção cinematográfica. O fulano existe, existe de facto, existe mesmo, a besta. E, pelo que parece, tem fé no diz. Miséria maior não existe. Perigo também não. A ironia é outra coisa. Duvidar. Segismundo.