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Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2004-02-06


Ela. Tinha uma t-shirt preta de alças, rasgada na parte de trás, sobre um top preto. Os ombros nus. Vestia umas calças de napa, em preto fosco. Calçava umas botas Doc Marteen’s. Pretas. Tinha um cinturão de balas. Uma pulseira cravada de bicos. Ao pescoço tinha um cordão de couro, preto, com um pingente estranho. Ao pescoço tinha também um fio colorido, mais fino do que o outro, com uma etiqueta, onde estava inscrito o seu nome. O seu cabelo era curto, com um carrapito no toutiço, seguro por um elástico. Tinha um piercing no queixo e um cravo na sobrancelha esquerda. Ostentava apenas um brinco, na orelha direita. Ela. Quase meia-noite, lavava o chão da loja onde trabalhava, uma loja de roupa para teenagers, com formas e tons extravagantes, muito para além de qualquer tendência. Uma esfregona, segura pelas suas mãos, deslizava, em movimentos súbitos, lançada para um lado e para outro. A menina punk da Pimkie parecia uma Cinderela pungida. O seu olhar era baço. Sem fundo, sem horizonte. Quebrado. Ali, exposta como os manequins, desejava diluir-se como o detergente do balde. Notava-se-lhe vincada a ofensa brutal da função. Os gestos com que animava a esfregona eram pesados. Carregados de culpa e vexame. O constrangimento era-lhe evidente. Tudo isto era já sobejamente desdouroso, humilhante. Mas, para a mortificar ainda mais, ele, que no instante passava em frente à loja, susteve o passo e, com um olhar ostensivo, apontou-lhe a vergonha. Injectada pelo opróbio, ela vergou-se ainda mais. A dor da honra caldeou e atormentou-a. Abandonou a esfregona, dentro do balde, perto da porta da loja. Fugiu. Refugiou-se atrás do balcão, simulando uma qualquer tarefa. Ele não desistiu. E decidiu entrar na loja. Como se fosse um jogo, uma brincadeira. Estava a gostar de lhe acentuar a mágoa, de sentir a humilhação inscrita nela. Queria, por isso, o prémio das lágrimas. Só com elas estaria justificado o seu gozo. O seu momento. O Marquês.


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