Ele entrou num restaurante. De imediato percebeu três grupos, aparentemente feitos pela escola. Notou neles o pedantismo académico típico da frescura na universidade. Num dos grupos discutiam-se os projectos mais implausíveis, com a segurança que apenas a ignorância providencia. Para além dos três grupos, havia no restaurante cinco casais, quase todos novos, de extracção etária não muito diferente da daqueles. Perscrutou, súbito, a fauna sentada. A paisagem era sinistra. Um moço, quase indistinto, com farda e avental, perguntou-lhe, uma mesa para quantas pessoas? Ele encontrou-o com os olhos. Apenas. Nada disse. Por instantes entorpeceu. O moço repetiu a pergunta, é uma mesa para quantas pessoas? Nenhuma, respondeu ele. Acho que me enganei, acrescentou, em explicação. O moço, então, estendeu a mão, apontando a porta, e acompanhou-o. Ele saiu. Depois tornou a entrar. E, com uma satisfação cruel, confessou, olhe, não me enganei, apenas não gostei do restaurante. E tornou a sair. Definitivamente. Sem escolta. O Marquês.