Conceber o mercado como actor é má metáfora e muito má fábula. É que o mercado sequer chega a ser cabotino. Basta pensar, não muito, para perceber o quão inadequado é dizer-se que o mercado é actor. Mas o beato prelector insiste, pois sabe que, estando ele naquele altar da sapiência, as criaturas do auditório estão dispostas a acreditar nas suas palavras. Como doutrinou Paulo, ele sabe que a veritate quidem auditum avertent, ad fabulas autem convertentur. Esse, porém, é um saber que o engana. E, por si, engana muitos outros. Ainda que não todos. Segismundo.