O senhor secretário de Estado da Administração Local admite que, em dois mil e seis, os municípios estarão em condições de cobrar e liquidar impostos. A partir dessa data, sim, os portugueses poderão começar a votar com os pés, como sugere Charles Tiebout. Até lá, o luminoso secretário de Estado, sem tino, num voluntarismo sôfrego, sem mando de ministro ou de primeiro-ministro que o coloque em ordem, vai inventando mais e mais variáveis que não controla, vai brincando à engenharia política através da qual ele julga estar a construir o futuro. O futuro como ele deve ser, o futuro como ele será. Na prática, o fulaninho faz lembrar aquele cowboy de banda desenhada. Primeiro o acto, depois o juízo. Sombrio. Pois o juízo, o dele, vem da sombra e de nenhum outro lugar que a luz alguma vez tenha alcançado. Nicky Florentino.