Queixou-se o PSD de a RádioTelevisãoPortuguesa não considerar a posição dos senhores sociais-democratas nos debates parlamentares, por, ao que parece, à RTP basta dar eco da posição do Governo. Duas considerações. Primeira consideração. No plano institucional, a bancada parlamentar do PSD não se confunde com o Governo, do mesmo modo que o Governo não se confunde com a bancada parlamentar do PSD. Perspectivando o problema por este prisma, de facto, não se justifica a eventual desconsideração da voz dos senhores deputados do PSD. Segunda consideração. Embora no plano institucional a bancada parlamentar do PSD não se confunda com o Governo, isso não significa que a posição dos senhores deputados e dos senhores governantes seja distinta. Em termos estritamente de pertinência e de economia comunicativa, é óbvio que a voz dos senhores deputados do PSD, em debates parlamentares em que o Governo participe, é redundante. E, neste sentido, perfeitamente dispensável. A posição de uma qualquer criatura parlamentar do PSD seria relevante se fosse significativamente diferente da posição do Governo. Não havendo tal diferença, é do mais elementar princípio de salubridade pública, poupar os telespectadores à repetição da mesma ladaínha por vozes diferentes. Quem quiser ouvir ecos que encoste a orelha à carcaça de um búzio. Tem exactamente o mesmo efeito. E não incomoda. Nicky Florentino.