Na edição de hoje do espesso Expresso, as puritanas criaturas da respectiva direcção manifestam incómodo pelo facto de o Jornal de Notícias ter publicitado a existência de uma carta anónima, anexa ao processo do caso-escândalo da Casa Pia, que implicava o senhor dr. presidente da República. É um facto que a paranóia instalada nos media endossa a possibilidade de se resvalar francamente para a asneira. O caso, mau grado a tentativa de enquadramento feita pelo Jornal de Notícias, parece indiciar disparate. Mais um. Agora, que a matilha moralista do espesso Expresso uive desalmadamente soa a falso e a intempestivo. Não bastava o senhor dr. presidente da República ter demorado quatro dias a reagir, vem agora, mais de uma semana depois, o espesso Expresso moralizar sobre o assunto. É tarde. Para além disso, fica a sensação – ou a convicção – que a posição revelada na edição de hoje se deve exclusivamente a não ter sido uma moçoila ou um moçoilo do espesso Expresso a alimentar a intriga canalha. E a isso não se chama vigilância profissional ou deontológica. Chama-se ressabio. Segismundo.