<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5515885\x26blogName\x3dAlbergue+dos+danados\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://alberguedosdanados.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://alberguedosdanados.blogspot.com/\x26vt\x3d-7878673483950887896', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2004-01-09


Ela estava sentada no rebate da porta de entrada de um edifício de uma rua perpedicular ao princípio da Cinco de Outubro, a Pinheiro Chagas, ali nos arredores da maternidade. Tinha um gorro a revestir-lhe a cabeça. E, com a face protegida pelas mãos, chorava. Ele, que na circunstância passava por ali, apercebendo-se, abordou-a. Passa-se alguma coisa?, perguntou estupidamente, por ser evidente e manifesto que o choro significava que algo se passava. Deixa-me em paz!, gritou ela, em resposta. Com o gesto obrigado da resposta, o rosto dela cortou a penumbra e revelou-se. O traço das lágrimas brilhou. Olhando-a, a compaixão aumentou nele. A beleza, mais do que o sofrimento dos outros, tende a ter esse efeito. Fosse ela feia ou o gorro perturbante e ele não se sentaria naquele mesmo rebate, ao seu lado, numa tentativa de a reconfortar. Estás bem?, insistiu ele, tanto no modo interrogativo quanto na estupidez. Ela, mas o que é que tu queres?, reagiu bravamente. Deixa-me em paz!, ordenou. Quando sorrires, se sorrires, seguirei o meu caminho; estou com fome, quero apenas ir jantar, disse ele. Ficaram sentados, lado a lado, desconhecidos, calados, alguns minutos, nem poucos nem muitos. Até que ela, com um toque de cotovelo, alertou a atenção dele. E, sem nada dizer, mostrou-lhe um sorriso. Ele, então, levantou-se, disse adeus e, como avisado, foi jantar. Sem sequer pensar se o sorriso que ela fizera e lhe oferecera fora sincero ou apenas uma máscara, uma dramatização. A compaixão não se confunde com paixão. A revelação da dor foi o que o interessou nela, a menina bonita. Nada mais. O Marquês.


Enviar um comentário

2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).