Depois da ofensiva da coligação anglo-americana no Iraque, que depôs o regime tirânico personificado no canalha Saddam Hussein, o fulano transformou-se num ícone espectral do mal. Por isso, o regozijo reveladoagora em relação à sua captura é sobretudo isso, regozijo. Satisfação, mas, no tempo em que acontece, satisfação com a simbólica do acontecimento. Pouco mais.
Seja como for, o que realmente suscitou comoção generalizada foi a atenção dedicada às lêndeas ou a alguma entumescência sob o couro cabeludo, assim como o cuidado demonstrado com o esmalte do marfim incrustado nos maxilares do fulano e com as respectivas cáries. Isso, sim, faz compadecer o mais empedernido dos iconoclastas. Pois é por estes pequenos pormenores que se percebe a superioridade da civilização, dos vencedores e dos ordenadores. Há quem filme a inspecção sanitária da besta detida e revele fartamente as imagens. Não fosse dar-se o caso de algum cretino lembrar-se de suspeitar que a imagem apresentada fosse de um boneco de plástico e não de um barbudo e desgrenhado Saddam Hussein. Nicky Florentino.