Comovente. Um senhor dr. outrora ministro dos Negócios Estrangeiros a passear o seu
basset pela Cinco de Outubro. Vai, foi. Depois, não muito depois, torna, tornou. Eu vi. Vi o cão do senhor embaixador a alçar a perna. Sei qual foi a árvore onde ele verteu o conteúdo da bexiga. Tudo instinto. O encontro da natureza em plateau urbano. Unidos pela trela, o senhor e o cão, domesticado, não amestrado. Eu vi. E não consegui evitar o incómodo de assistir ao episódio. Quando nos armamos em amigos dos animais somos indignos de nós mesmos. Fazemos figuras tristes. E, acredito eu, encarceramo-nos numa solidariedade, numa dependência que apenas no misera. Afinal, o que aprendemos nós, criaturas mundanas, com um cão que não possamos aprender com a televisão ou com a banda desenhada? O Marquês.