O senhor director do Público, com uma solidariedade que me suscitou estranheza, escreveu que “os que entendem que o problema foi criado contra a sua opinião deviam perceber que hoje o «problema» também é deles. O mesmo é dizer, nosso”. Pois... O que quer que seja que o «problema» – assim, exactamente, entre aspas –, desde já anuncio que não é meu. Não!... é!... meu! Não o suscitei. Não o inventei. Não o caucionei. Por isso, agradeço que, por gentileza ou ombridade, não me considerem entre os seus legítimos proprietários. O que eu quero e estimo é distância, sossego, paz. E o juízo ajuda a lograr estes pequenos prazeres, estas singelas felicidades.
Seja como for, não é a distância a que o Iraque está do chão da pátria, aqui assim, que me sossega. O que acontece no Iraque não me é indiferente. A distância aos problemas, no contexto da hodiernidade, não é condição de sossego. Eles, os problemas, assim como as suas consequências, podem transitar da sua longínqua origem para outros paradeiros, estendendo os seus efeitos e contaminando a órbita da nossa proximidade. Outros, por comodidade, conveniência ou ingenuidade, assim não julgam. Aos desajuizados, à gente sem trambelho vale sempre o axioma longe da vista, longe do coração. Agora, também confesso, o facto de num futuro próximo andarem gêéneérres a patrulhar território iraquiano não altera nem muito nem pouco, nada, a equação. Pelo que, se padeço de um certo sentido de cosmopolitismo ecuménico – que, em consciência, me faz simpatizar com o horizonte de um Iraque livre –, não iludo que a liberdade se conquista. Não se impõe. Pois o que quer que seja imposto, coisa boa não é. Segismundo.