O mundo é um poço de ironia, um proço transbordante de ironia transbordante de si mesma. A senhora Letizia Ortiz, prometida noiva da varonil criatura que irá herdar o trono do reino espanhol, preenche a atenção dos gentios por esse mundo além. O Público, por exemplo, só na edição de hoje ocupa duas páginas, a vinte e quatro e a vinte e cinco, com as mundanidades próprias do caso. Em consequência, ao que é importante dedica escassa disponibilidade. Por exemplo, qual era o calibre da pistola que, com dois projectéis, permitiu abater o rotweiller que, numa herdade da Chainça, nos arrabaldes de Abrantes, matou onze ovelhas e deixou outras sete gravemente mazeladas? Isso é que era importante saber, saber o que acontece aos cães. Pois saber o que sucede às cinderelas e aos príncipes deste mundinho é um luxo de que se pode e deve abdicar. Por uma razão de salubridade do juízo. Segismundo.