A necessidade impele qualquer mortal a frequentar as chamadas superfícies comerciais. Em tese, tais superfícies deveriam ser evitadas por qualquer ajuizada criatura. Deveriam ser abandonadas à fauna típica, as rapariguinhas do shopping, as senhoras da limpeza, as rapazes da empresa de segurança com walkie talkies, os prezados clientes e as adolescentes vestidas e calçadas de modo obsceno, a mascar pastilha elástica e de mão dada com adolescentes vestidos e calçados de modo que, por decoro dos parentes sobreviventes, ninguém é sepultado. Um centro comercial é o mais próximo que há de uma galeria de horrores. É o lugar onde o capitalismo celebra a miséria, tranfigurando-a não em consumo ou em consumíveis, mas em consumidores. O Marquês e Segismundo.