Afirmou-o animal, és uma besta!, exclamou ela, ao mesmo tempo que foi tomada por um pranto. Ele aproximou-se dela, acolheu-a entre os seus braços, dispensou-lhe o amparo do seu peito e começou a sorver-lhe as lágrimas, como se fossem um tónico vital. Sentido-se protegida, ela abandonou o choro, as lágrimas começaram a estancar. E ele, cada vez com maior sofreguidão, continuou a beijar-lhe e a lamber-lhe a face, como se procurasse aí nutrientes essenciais. O continuar do acto incomodou-a. Tentou libertar-se do embaraço dele. Mas ele prosseguiu, prosseguiu com crescente violência, magoando-lhe o corpo, até as lágrimas lhe tornarem a brotar. Beijou-lhe, então, os olhos, como se fosse aí a fonte da sua vida, como se fosse aí a origem da seiva que o alimentava, prolongando-lhe a dor. O Marquês.