A decadência é um dos mais importantes tempos da vida. Ao cair, sem composição prévia, qualquer pessoa eleva-se ao limite da perfeição humana. É aí que, como na loucura, reside o máximo de liberdade. A depuração plena do espírito só se consegue no processo da queda. O primeiro patamar para além daquele limite é onde começa a ficção, onde principia o território onde não há tempo. Não por acaso, foi aí, no primeiro patamar para além daquele limite, que deus foi domiciliado. E é por isso, por morar nesse território onde não há tempo, que deus não morre.
Sim, o limite soberano e soberbo da humanidade é a decadência. Para lá da decadência, nada há de relevante. Apenas a miséria. Ou a morte. Uma impede a liberdade. A outra é uma hipótese que não garante a peripécia, o nome dramático da vida quando se revitaliza. Segismundo.