Na edição de hoje do Público, como eco, o senhor Luciano Alvarez apoda de “vingança saloia” a decisão do senhor presidente do Futebol Clube do Porto em não convidar o senhor dr. presidente da Assembleia da República para a inauguração do estádio do Dragão. A prosa é escorreita, mas, tal como as considerações estampadas na edição de ontem do espesso Expresso, parece nubígena, alada. É que no rol de dislates publicitados sobre o assunto, em nenhuma ocasião foi notado o enunciado do motivo pelo qual tal convite devia ter sido feito. Por uma razão simples, esse motivo não existe. Se, como entende o senhor dr. Mota Amaral, assistir à final de uma competição europeia onde está presente uma equipa portuguesa não constitui trabalho político, só a um néscio é que lhe assomaria ao juízo convidar o senhor dr. presidente da Assembleia da República para a inauguração do novo estádio dessa mesma equipa. Pois, isso, sim, seria provocação e humilhação. Segismundo.
Post scriptum, se o propósito do senhor presidente do Futebol Clube do Porto era apoucar o senhor dr. presidente da Assembleia da República, conseguiu. Não propriamente por não o ter convidado para a inauguração do estádio do Dragão, mas por alguns moralistas sôfregos terem atribuído um sentido e dado uma publicidade inusitada a esse não convite. Os efeitos perversos da acção, tunga!, são assim.