O senhor dr. ministro de Estado e da Defesa e as suas armadas hostes decidiram patrocinar uma experiência-piloto, nos termos da qual estão, por convocatória, a intimar todos os mancebos militarmente recenseados no corrente ano a comparecerem na comemoração do Dia da Defesa Nacional, no próximo dia vinte. Segundo consta, é argumentado na convocatória remetida aos mancebos que é um dever militar de cada cidadão participar em tal comemoração. Deslocação e alimentação correm a estipêndio do erário público. E, iupi!, iupi!, lá!, lá!, lá!, “a falta ao seu dever laboral ou escolar será justificada”. Para além disso, as luminárias do ministério da Defesa Nacional entendem que reunir uma turba de infantes mancebos permitirá à juventude conhecer melhor essa coisa das forças armadas. É verdade que tudo isto parece produto de um reaccionarismo rançoso e de destemperado juízo. Pois, provavelmente, o que a mancebia desejaria era descanso. É cenário prospectivo que – se não chover – uns quantos até aproveitarão para se divertir na obrigatória excursão à capital da pátria, mas outros tantos ou mais prefeririam não ter de ser obrigados à humilhante condição de figurante de parada para o senhor dr. ministro de Estado e da Defesa e a generalada se regalar perante a promissora rapaziada. Por isso, não chatear os mancebos era capaz de ser muito mais garantia de que eles, por defeito, reteriam uma imagem mais edificante da tropa, seja ela macaca, aviadora ou marinheira. Segismundo.