O espesso Expresso é uma instituição diferente de todas as outras, ímpar, portanto. Alguns recordar-se-ão que, numa edição de Julho, o referido semanário estampou numa das suas páginas o código de conduta a que voluntariamente se obrigava, pretendendo com tal gesto enunciar publicamente o coturno ético pelo qual fasquiava - alto, bem alto - a prática dos seus jornalistas e colaboradores. Ora, é caso para dizer que bem prega o senhor arq.º Saraiva. É que, ao que consta, umas luminárias lá da redacção decidiram comprar uns lotes de acção da Portucel em nome de uma moçoila, com o único e caviloso fito de que esta assistisse a uma assembleia de accionistas e, depois, reportasse o que aí houvesse ocorrido, contornando, assim, o facto de tal assembleia ser vedada a jornalistas. Não se sabe bem qual é o conceito deontológico da malta do espesso Expresso, mas, por o manhoso expediente ter sido usado de modo reincidente, parece cobrir a infiltração de jornalistas em lugares onde, por vontade determinada de insuspeita gente, era suposto não entrarem. Nada que, claro está, seja desconcertante. Pois cães há que, por vezes, também assim entram nas igrejas. Sem se dar por eles, os animais. O Marquês e Segismundo.