Ele existe. Foi durante muitos anos contínuo, elemento do pessoal auxiliar, de uma escolinha. Hoje é assistente universitário. Subiu a escada, subiu a pulso e com jogo de cintura. Está sempre a processar, não necessariamente a articular, com o juízo. É rápido, é lesto. Como o Lucky Luke a disparar. Irrita-me. Não muito, mas irrita-me, a criatura. Parece possuída por um frémito incontrolável de decidir, de decidir pelos outros, sem ouvir os outros, sem respeitar os outros. A ânsia dos pequenotes é pungente. Eles trepam, eles chegam a um estatuto melhor do que os pais, mas não sabem estar quietos, padecem da paranóia de que, porque jamais deixam de sentir o cheiro da sua chã origem, a miséria os persegue continuamente. Por isso gostam de impressionar. E eu não gosto de ser impressionado. Aos que têm a mania de me impressionar respondo-lhes talvez um dia te fodas. Não no sentido literal, mas no sentido eufemístico do termo. É como, ai!, ai!, lhes dói mais. O Marquês.