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Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2003-10-12


A propósito do eventual referendo sobre o que se diz ser a Constituição da União Europeia, é possível recensear três tipos de atitudes: a cínica, a lírica e a abúlica. Os cínicos revelam-se pro ou contra a realização do referido referendo não por uma razão genuína ou autêntica, mas por conveniência ou manhosa intenção. Inclinam-se para uma ou para outra barricada consoante a vantagem que perspectivam para a sua posição ou para os seus interesses. Os líricos, esses, são defensores convictos da realização do referendo, por entenderem que tal instituto é uma espécie de sacramento democrático com valor intrínseco. São pouco ou nada sensíveis ao argumento de que um referendo só é referendo verificadas determinadas condições e circunstâncias. Os abúlicos, por seu turno, a farta maioria, são o que, no plano político, se pode chamar maria-vai-com-as-outras. As questões políticas, em geral, e as matérias europeias, em particular, passam-lhes à ilharga. Os abúlicos entendem-se muito melhor com o princípio da governabilidade e com os problemas da eficácia e da eficiência da acção política do que com o princípio da representação política e com os problemas da legitimidade das instituições. Os abúlicos são criaturas sofisticadamente egotrópicas. A vidinha, a vidinha deles, é o barómetro das suas disposições e posições. Com a mesma leveza com que celebram o mistério da eucaristia, deleitam-se avidamente com as telenovelas da TVI. Cá na pátria, portanto, o povo é sobretudo uma imensa mole de abúlicos. Que bem merece os representantes que escrutina entre a sua própria miséria de gente. Daí que não votar em referendos seja um fado a que os abúlicos se entregam com obscena solicitude. O sossego - e a irresponsabilidade que, em política, tende a escoltar o sossego - é o património que mais prezam, os abúlicos. Chamem-lhes estúpidos... Assim sempre lhes fica garantida a reserva moral de que nada têm a ver com o assunto. Triste é essa reserva moral ser apenas uma reconfortante ilusão. Devia, antes, ser uma dor de cabeça. Ou de dentes. Nicky Florentino e Segismundo.


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