Uma das ordinárias propriedades da prosa do senhor dr. Luís Delgado, plumitivo do vetusto Diário de Notícias, são as suas assertivas orações. Por assim ser, é estranho quando as suas linhas direitas se flectem e reflectem em inusitadas espirais de inquietude e dúvida. Na crónica que hoje ofereceu à estampa na página nove do vetusto Diário de Notícias, o dito senhor dr. plumitivo investiu um terço da prosa a afirmar que a demissão do senhor ministro da Ciência e do Ensino Superior era uma pena e uma tristeza. Pois, afinal, o que é que suscitou tal demissão? Pouco, muito pouco, quase nada, ou seja, “uma ingenuidade política lateral, que todos os dias acontece no país”. Daí, “passadas quarenta e oito horas, e com a poeira assente, o caso merecia esta demissão e o enfraquecimento político de outro ministro?”, a incrédula interrogação. Não!, concerteza que não!, obviamente que não! Um ministro favorecer alguém é o que é expectável de um ministro. Quem é que, verdadeiro amigo, não ajuda o seu amigo? A amizade é que é a verdadeira, a única lei. É isso e o amor. A divindades que perdoam. Em particular as mulheres. O Marquês e Segismundo.