O que leva um político a fazer uma declaração pública sob penhor da sua honra? Não é suposto que, em toda e qualquer circunstância, a palavra de um político seja palavra honrada? Interrogo-me porque, como o José, sou mais de interrogações do que de sentenças. Mas ao contrário do José, quando qualquer pessoa enuncia um enunciado com anúncio de ser ele discurso honrado, antes de acreditar, interrogo-me sobre as razões que, nesse caso particular, levaram essa pessoa a invocar o crédito extraordinário que é a sua honra. Por duas razões. Primeiro, porque assumo como princípio epistemológico que, por defeito, as pessoas emprestam honra ao que afirmam. Neste sentido, alguém anunciar que o que anuncia é feito sob penhor de honra ou é uma redundância ou é o reconhecimento de que, antes, outros anúncios fez sem garantir o devido compromisso de honra. Segundo, porque recordo um texto do senhor Prof. Doutor Niklas Luhmann sobre a necessidade de, num contexto de modernidade, os políticos preservarem uma elevada amoralidade. À política o que é da política, à moral o que é da moral. Nada de confusões. Nicky Florentino.