À cão é fincar mandíbulas traiçoeiramente. À cão é salivar quando soa uma sineta. À cão é abanar o rabo de contentinho para merecer um osso para roer. À cão é correr para apanhar o pau que o dono lançou. À cão é entender que Portugal é um quintal e não uma quinta, sendo Portugal um jardim à beira-mar plantado. À cão é não saber brincar. À cão é não fazer acordos de sigilo. À cão é ter instintos cínicos. À cão, por vezes, é não ser como o espesso Expresso. À cão é morder apenas por morder, sem, nesse exercício, morder a própria língua. À cão nem sempre é andar sobre quatro patas, mas é como se fosse. À cão é dizer quem é o Pipi não por imperativo de consciência, mas por revanchismo e arrivismo. À cão é ganir. À cão é ladrar. Pois quem uiva são os lobos. E, esses, não se confundem com os cães. Têm mais elegância. Têm mais natureza. E o carácter não lhes é aferido por pedigree. O Marquês.