A pátria, embora não apenas a nossa, vive num crescente aperto, num cerco cada vez mais restrito de opções políticas. A vertigem do centro, da harmonia (representada), é tão intensa que ser à direita parece ser à extrema direita, assim como ser à esquerda parece ser radical. Ora, a redução do espectro político de oscilação lateral é uma ameaça por duas razões maiores. Por um lado, aumenta a sensação de que o menor desvio, para qualquer um dos lados, é roçar o extremo - se aparenta à direita, é reaccionário, fascista, ultramontano, girondino; se aparenta à esquerda, é revolucionário, comunista, anarca, jacobino. Por outro lado, reduz perigosamente a amplitude do possível, fechando o horizonte, confinando as alternativas. Na prática, o que actualmente se verifica é o plural a diluir-se e a tornar-se simplesmente múltiplo. O mesmo, sempre o mesmo, vezes várias, repetidas, a fingir a diferença que não é. Um totalitarismo em promessa. Único. Sem danados. É mau justamente por isso, ainda que esta não seja a razão exclusiva de tal mal. Nicky Florentino e Segismundo.