O José era um senhor. Escrevia nos jornais, falava na rádio e na televisão. Era uma voz livre e um corpo com uma barriguita proeminente e uma barba que vinha de outros tempos. Um dia, ao senhor, deu-lhe a mania dos blogs e foi-se a eles. Criou dois, um maior, outro mais pequeno, de nome escolástico e grave. O blog maior, esse sim, era um exemplo. Crescia, crescia, crescia e cresceu mais do que qualquer um dos outros. Era o mais famoso e o maior entre todos. Até que um dia uma trupe, autodesignada Grupo Operacional de Vigilância Democrática (GOVD), inventou um mentideiro sob a forma de blog. E, alimentado pela mórbida e funesta curiosidade das criaturas, cresceu, cresceu, cresceu, cresceu e ficou maior do que o blog grande do José, que até então era o maior. O José não gostou. E fez queixinhas. Primeiro ameaçou, escreveu no blog e no jornal. Depois, para maior audiência, falou na televisão. E o blog que havia crescido mais do que o seu, num instante, tóing!, eclipsou-se. O José voltou a ficar contente. E, coçando o umbigo, murmurou para si “abrupto, mas não bruto”, no tom em que o outro canta “romântico, mas não trôpego”. O José é um danado, triste é ser dos bons. The end. O Marquês.
Peristilo ao contrário. Qualquer semelhança entre o parodiado antes e a realidade é, claro está, mera ficção, não coincidência.