Em termos de ética, o senhor dr. deputado Jorge Lacão – poucos se recordarão que a criatura alguma vez tenha sido coisa diferente – não tem a virtude de supreender, sabido que é que, nessa matéria, o seu nível de raciocínio não é elevado a mais de uma polegada do chão. Por isso, sabendo-se onde fica o chão, perto se descobrirão os roteiros éticos do dito senhor dr. deputado. Neste sentido, não espanta, pois, vê-lo a pugnar em promoção da delicada tese de que alguém, apesar do evidente atropelo ao tempo que lhe permitiria solicitar o retorno à condição de deputado, mantém legitimamente o seu mandato parlamentar. Esta era manobra expectável, talvez até certa, do já redito senhor dr. deputado. Claro está que, com frondosa ingenuidade, poderia rogar-se-lhe vergonha, mas isso seria provavelmente excessivo. Não se deve rogar a um fulano o que ele não tem. É feio. É incómodo. E é embaraçoso. Para além disso, ser o guardador da ética parlamentar abriga-o do opróbrio. Nem que seja por ilusão, como a ética dele. Nicky Florentino e Segismundo.