O XV Governo constitucional, aquele que por estes dias nos vai flagelando, tem uma imaginação que ultrapassa os estreitos limites do prodígio. É que, segundo consta, nos termos de um projecto de regulamentação que apresentou recentemente, referente à avaliação dos funcionários públicos - essa espécie de oblatos modernos -, os senhores do executivo atreveram-se a fixar quotas em função das classificações a atribuir-lhes. Assim, no limite, máximo, apenas vinte por cento das gentes da administração pública poderiam ser classificadas com «muito bom» e, critério ainda mais refinado, apenas cinco por cento dessas mesmas gentes poderiam ser classificadas com «excelente». O princípio, reconheça-se, é audaz. Porém, subsiste uma pertinaz suspeita, por qual raio se insiste em classificar os funcionários públicos? Não se poderia, antes, supliciá-los com azorrague ou, melhor ainda, lapidá-los com paralelepípedos de calçada portuguesa? Se é para as pôr na linha, em sentido, às criaturas que animam a administração pública, o que é necessário é fazer-se-lhes o que não se faz aos cães. Que é para essa malandragem aprender. Nicky Florentino e O Marquês.