Em carta aberta simultaneamente dirigida a sucelência o primeiro-ministro e ao seu caro dr. José Manuel Durão Barroso, hoje estampada no espesso Expresso, o senhor dr. Manuel Monteiro vitupera o PS e a sua governação. Escreveu ele que, pela primavera do pretérito ano, o PS "não só deixava o país de rastos, como obrigava ainda o líder do PSD a dar a mão a quem tinha jurado não dar sequer o braço". Por isso, sobretudo por isso, vieram pragas e males de infinita proporção, de tal modo que, assevera o senhor dr. Manuel Monteiro, "nunca como agora os perigos de secessão foram tão evidentes. Secessão da nação face ao Estado, pela simples razão que aquela percebeu que este Estado a representa cada vez menos e dela se afasta cada vez mais". Asneira grossa. Primeiro, o que o senhor dr. José Manuel Durão Barroso berrou uma vez em pleno congresso da trupe social-democrata foi que, com ele, jamais o senhor dr. Paulo Portas seria levado às cavalitas. Portanto, o problema, nada tem a ver com mãos ou com braços, mas com o facto de alguém ter saltado para as costas de outro alguém e esse outro alguém, como uma besta, carregar voluntariamente a carga. Segundo, não é provável, que se vislumbre, qualquer secessão entre nação e Estado. O problema é justamente o oposto, excesso de penetração da nação no Estado. O particularismo entrou no círculo da suposta sine ira et studio e, justamente por isso, no interior do Estado grassam expedientes de oportunidade e conveniência que todos aproveitam, embora uns com maior proveito do que outros. Esse é que é o problema. Pelo que a necessidade é justamente devolver diferenciação à nação e ao Estado, porquanto quase que se plasmaram. Enfim, como está bem de ver, a carta aberta do senhor dr. Manuel Monteiro pode ter sido poupada nas despesas de envio, pois poupou o custo do selo de correio, mas não o foi no disparate. Neste pormenor, foi, aliás, frugal. Nicky Florentino.